Existem 4 principais doenças que destroem com empresas e empresários aos poucos, e se você é um empresário, você pode estar em uma delas, duas, todas ou nenhuma. Vem conferir.
Overtrading
Aumento minhas vendas, aumento minhas compras, mas não aumento o meu lucro. E agora?
Esses questionamentos são muito comuns aos empresários em algum momento da vida da empresa. Pode ser um fato isolado, acontecendo apenas em um produto, mas pode ser um fato conjuntural. É nesse momento que ocorre o perigo do overtrading.
Mas o que é overtrading? É um problema causado pelo aumento de endividamento atrelado ao aumento de vendas. A principal característica se dá pelo fato de um falso crescimento. Muitas vezes isso pode ser difícil de detectar, afinal o movimento de pessoas no estabelecimento aumenta, mas os reflexos, em termos financeiros, não ocorrem. E o pior, muitas vezes pioram.
Nesse momento o gestor se pergunta o que está acontecendo de errado… É comum que a primeira opção seja colocar a culpa na equipe ou apontar que o mercado não está indo bem. Contudo, não é assim que se encontra a solução.
Uma das principais causas do overtrading é a precificação incorreta. Não saber seus custos, suas despesas, não conhecer o ponto de equilíbrio do produto e simplesmente aplicar o mesmo valor que o seu concorrente aplica com medo de ficar fora do mercado, impacta diretamente nos resultados da sua empresa. Analisar seus concorrentes é sim importante, mas não traga a realidade dele para dentro da sua empresa. Lembre-se, ele pode estar preparado para enfrentar uma turbulência enquanto você está apenas entendendo o que está acontecendo.
E como resolver? O primeiro passo é realizar compras mais assertivas, aproveitando os descontos fornecidos pelos fornecedores. É importante trabalhar de forma mais enxuta, entendendo o giro da empresa. Ah, e isso inclui estoque em “just time”,evitando perdas causadas pelo custo de armazenagem de um produto com baixo giro e queima de capital de giro parada em estoque.
O segundo passo é entender como estão as finanças da empresa, optar por fontes de recursos com juros mais baixos, negociar prazos melhores ou até mesmo descontos maiores. Em alguns casos é preciso decidir entre um ou outro, mas o resultado da boa decisão impacta diretamente no caixa ao término do mês.
O terceiro passo é ter controle de todos os gastos da empresa. A Nucont, por exemplo, é uma plataforma de gestão que permite ao empresário acompanhar de perto o que acontece dentro da sua empresa. Quanto melhor controle você possuir, mais rápido irá perceber o problema. Controle é tudo!
Nunca se esqueça de jamais misturar as dívidas pessoais com as dívidas da empresa.
Vale salientar que você é funcionário da empresa, como qualquer outro. Portanto, é fundamental entender o ponto de equilíbrio e a quantidade de retirada de caixa que você pode fazer durante o mês. É corriqueiro, em pequenas empresas, um mês ter um lucro maior, mas ele será utilizado para suprir uma possível sazonalidade que possa acontecer em um mês seguinte. É preciso entender o ciclo da empresa.
Para que você, empresário, não se perca nesse controle, seu parceiro mais próximo é seu contador. O amigo com quem você pode contar para que te ajudar com informações estratégicas de impostos, despesas e custos. Assim, você conseguirá identificar o ponto de equilíbrio para uma tomada de decisão. Procure o seu contador e converse. Juntos somos mais fortes!
Excesso de endividamento
O que é o excesso de endividamento?
O excesso de endividamento é quando a empresa excede um limite de captação de recursos de terceiros.
Captar recursos de terceiros para financiar as atividades da empresa não é nenhum pecado, pelo contrário, é uma excelente forma de alavancar os resultados e atingir uma maior rentabilidade.
O capital de terceiros, mesmo sendo oneroso, pode ser mais barato do que utilizar os recursos próprios da empresa ou dos sócios para financiar a operação.
Porém, existe um limite aceitável para isso e, caso ele seja ultrapassado, a empresa passa a ter excesso de endividamento, e corre um sério risco de insolvência.
O grau de endividamento da empresa, também chamado de “alavancagem” ou de “leverage” é um ótimo indicador para sabermos se a empresa está ou não correndo riscos de possuir excesso de recursos de terceiros, ou seja, o quanto essa empresa está sendo mantida por capital de terceiros e se isso está dando retorno ou não para esses terceiros.
Se o Leverage da empresa for maior que 3,33, significa que a empresa se endividou em excesso e está a caminho da falência.
Leverage:

O Leverage menor que 1% também pode ser preocupante, pois significa que a empresa está trabalhando apenas com seus próprios recursos.
Outro indicador que pode auxiliar nessa análise é o de Estrutura de Capital:

Existe também um estudo que se o grau de endividamento, ou seja, capital de terceiros da empresa for igual ou superior a 70%, a probabilidade dessa empresa regredir nesse índice é muito difícil.
Por que isso acontece:
- Utilização inadequada do cheque especial;
- Antecipação de recebíveis sem estudo;
- Excesso de empréstimo a curto prazo;
- Falta de garantia de empréstimo a longo prazo.
Como Resolver:
- Renegociar dívidas;
- Diminuir o prazo de recebimento e aumentar o prazo de pagamento junto a fornecedores;
- Integralização de Capital (sócios ou investidores);
Uma empresa nessa situação dificilmente conseguiria contrair empréstimos junto a instituições financeiras, porque a conclusão é clara: “não vale a pena colocar o meu dinheiro na sua empresa, porque seus ativos estão todos comprometidos e a empresa não tem garantias para me oferecer”. É importante conversar com o seu contador e entender ainda mais sobre o seu negócio e como está a saúde dele para melhor tomada de decisão.
Undertrading
Estou em um momento de queda no faturamento. Minha empresa está doente?
A queda do faturamento é um sintoma de uma doença financeira conhecida como undertrading.
Enquanto no overtrading a margem praticada é baixa e insuficiente para sustentar a operação, no undertrading a empresa pode ter pecado no excesso de margem, colocando à venda um produto ou serviço considerado caro pelo seu público, resultando em baixas vendas.
O Undertrading é caracterizado por uma organização que tem capacidade de atender um volume maior de operação do que a praticada atualmente. Ou seja, a rentabilidade do capital investido está abaixo do que foi planejado.
Como em uma consulta médica, é necessário uma análise mais profunda na vida do paciente, e até mesmo exames complementares, para se chegar a um diagnóstico e tratamento adequado. Na saúde das empresas não é diferente. Precisamos investigar diversos pontos antes de afirmar que uma empresa está doente.
Um dos sintomas que servem como alerta, é a queda no faturamento por meses consecutivos. Como não temos um período definido pelos estudiosos, indicamos que seja um sinal de alerta a partir de 02 meses.
Algumas possíveis causas para o “undertrading”, são: estimativa de vendas acima da realidade; margens praticadas acima do mercado; produto pouco diferenciado; entre outras. Também devemos observar fatores externos, como a concorrência, que pode forçar a empresa a operar fora do planejado.
Para um diagnóstico mais assertivo, é importante analisar alguns indicadores, como: fluxo de resultados, variação de caixa e markup. Seguem imagens ilustrativas desses indicadores em um cenário de undertrading.
Queda no faturamento por três meses consecutivos:

Variação de caixa negativa:

Markup alto:

Depois de diagnosticado o cenário de “undertrading”, o próximo passo é planejar um tratamento que tenha como objetivo aumentar as receitas, reduzir o estoque e aumentar as receitas financeiras.
Algumas medidas que podem ser feitas para atingir esses objetivos, são: traçar novas estratégias de vendas, fazer promoções e oferecer descontos; diminuir o estoque parado e reduzir as retiradas dos sócios.
Para um diagnóstico mais assertivo sobre sua empresa, reforçamos a necessidade de uma análise bem feita antes de tomar alguma decisão. E, assim como os médicos são os profissionais qualificados para cuidar da nossa saúde, o especialista capacitado para cuidar do bem-estar financeiro das organizações é o contador. Contate o seu parceiro contábil, aproveite esse profissional e conheça os detalhes da sua empresa.
Insolvência Financeira
A Insolvência financeira acontece quando a empresa não tem capital de giro suficiente para financiar a operação de seu negócio. Uma empresa com saldo de caixa insuficiente para honrar com suas obrigações se torna insolvente, uma vez que a operação de seu negócio não gera caixa, e sim consome.
A insolvência acontece, basicamente, por dois motivos:
1. A operação da empresa é muito robusta (estoques altos e prazos grandes para receber de seus clientes), ocasionando um alto ciclo financeiro.
2. A operação do negócio não é capaz de gerar capital de giro suficiente para se auto sustentar ou esse capital de giro está sendo utilizado para outras finalidades (investimentos, imobilização, retirada excessiva dos sócios).
Vamos a um exemplo:

Neste gráfico, conseguimos observar que, dos 48 dias do Ciclo Operacional (C0), 28 dias são financiados pelos seus fornecedores (PMP). O prazo concedido pelos fornecedores é uma fonte de financiamento não onerosa, e por isso, quanto maior melhor.
Porém, a empresa recebe de seus clientes, em média, num prazo de 48 dias (PMR). Assim, ela paga seus fornecedores antes de receber suas vendas, ocasionando um ciclo financeiro positivo. Isso significa que alguém precisa financiar parte da operação da empresa. Esse cenário gera uma necessidade de capital de giro para financiar a operação da empresa em 20 dias (CF).
Se a empresa não tiver um saldo em tesouraria suficiente para esperar o recebimento dos clientes, ela pode se tornar insolvente.

Neste gráfico, estamos vendo o chamado Efeito Tesoura. Essa situação acontece quando a Necessidade de Capital de Giro (NCG) aumenta mais que o Capital de Giro disponível na empresa, totalizando um Saldo de Tesouraria (ST) cada vez mais negativo.
Em um caso de insolvência financeira, a empresa ainda gera lucro e até pode estar aumentando seu faturamento, mas sua operação não gera um caixa positivo.
Acho que minha empresa está em um cenário de Insolvência Financeira. E agora?
Não se desespere! Existem formas de identificar e tratar esta doença, mas o tratamento depende de cada caso.
Alguns possíveis tratamentos, são:
- Renegociar dívidas onerosas de curto prazo
- Reduzir retiradas dos sócios
- Adquirir empréstimos não onerosos
- Vender imobilizado
- Resgatar aplicações de longo prazo
- Benchmark com outras empresas
Procure o seu contador para conversar sobre o assunto, entender o que está acontecendo na sua empresa e qual o melhor tratamento para melhorar a situação.
Este foi o último artigo da série “As 4 principais doenças das empresas”. Fique atento aos sinais e esteja sempre em contato com o seu contador, que é o profissional capacitado para cuidar da saúde da sua empresa.